Estrutura da Economia Portuguesa

A estrutura da economia portuguesa caracteriza-se pelo elevado peso do setor dos serviços, à semelhança do que sucede com os seus parceiros europeus: em 2014, os serviços contribuíram com 76,7% do VAB e empregaram 67,5% da população ativa (que compara com 23,9% da indústria, construção, energia e água, e 8,6% da agricultura, silvicultura e pescas).

Para além da maior incidência e diversificação dos serviços na atividade económica, nos anos mais recentes registou-se uma alteração significativa dos padrões de especialização da indústria transformadora: Portugal saiu da dependência das atividades industriais tradicionais e apostou em setores com maior incorporação tecnológica, de onde se destacam o setor automóvel e de componentes, a eletrónica, a energia, o setor farmacêutico e as novas tecnologias de informação e comunicação. De salientar, ainda nos Serviços, a relevância e o crescimento do setor do turismo, que beneficia da localização geográfica de Portugal, do clima mediterrânico e de uma extensa faixa costeira.

Em 2014

No domínio do comércio internacional e segundo o Banco de Portugal, nos últimos 5 anos as importações e as exportações de bens e serviços cresceram, em média, 0,5% e 6,8% ao ano. Em 2013 e 2014 o saldo da balança comercial de bens e serviços foi positivo, invertendo a tendência negativa registada na última década.

Em 2014, as máquinas e aparelhos foram o grupo de mercadorias mais exportado (14,5% do total), seguidos dos veículos e outro material de transporte (10,9%), os combustíveis minerais (8,5%), os metais comuns (8,0%) e os plásticos e a borracha (7,2%), perfazendo 49,1% do total exportado por Portugal.

As exportações portuguesas destinaram-se, na sua maior parte aos países da União Europeia (70,9%), dos PALOP (8,0%) e dos NAFTA (5,3%), sendo os maiores clientes a Espanha, a Alemanha, a França, Angola e o Reino Unido, representando cerca de 60% das exportações totais. É de destacar a China que ficou, neste ano, entre os 10 maiores importadores de Portugal, em detrimento do Brasil.

Já os produtos mais importados foram os combustíveis minerais (17,4%), as máquinas e aparelhos (15,2%), os produtos agrícolas (10,4%), os veículos e outro material de transporte (10,5%) e os químicos (10,4%), representando 63,9% do total importado.

Também no domínio das importações, a União Europeia foi o maior fornecedor de Portugal (74,7%), seguida dos PALOP (2,8%), do MERCOSUl (2,2%) e dos NAFTA (2,0%), com a Espanha, a Alemanha, a França, a Itália e os Países Baixos a liderarem e a representarem 62% do total das importações portuguesas. Os EUA entraram no grupo dos 10 maiores fornecedores de Portugal, em detrimento da Rússia, de Angola e da Bélgica.

No domínio do investimento internacional, em 2014 o fluxo líquido de investimento direto do exterior em Portugal (passivo) atingiu o montante de € 8,378 mil milhões, o que representou um acréscimo de 11,38% face ao ano anterior (€ 7,522 mil milhões).

No que concerne ao fluxo de investimento direto de Portugal no exterior (ativo), alcançou em 2014, € 6,763 mil milhões, i.e., mais 17,17% do que no ano de 2013 (€ 5,772 mil milhões líquidos, +53,27% do que 2012).

Em termos de stock de investimento:

– o stock de ID do exterior em Portugal (passivo) registou, no final de dezembro de 2014, € 116,553 mil milhões, que se traduziu num aumento de 1,28% face a 2013 (€ 115.076 milhões). A União Europeia é a principal origem do ID em Portugal (87,1% em dezembro de 2014), destacando-se os Países Baixos (29,5%), a Espanha (22,5%)e o Luxemburgo (10,3%); de fora do espaço comunitário, destacam-se o Brasil (4,4%), a Suíça (1,5%), Angola (1,3%) e os EUA (1,2%);

– o stock do ID de Portugal no exterior (ativo) registou, em dezembro de 2014, um aumento de 7,05% face a dezembro de 2013, para € 75.239 milhões. Também em termos de destino do ID português no exterior a União Europeia ocupa a posição mais forte (80,1% em dezembro de 2014), com destaque para os Países Baixos (41,0%), a Espanha (15,3%) e a Alemanha (7,1%). De entre os países extracomunitários, assumem especial relevância, o Brasil (4,3%), Angola (3,9%) e os EUA (2,2%).

Perspetivas para 2015 – 2016

O desempenho favorável das exportações em 2014 (+2,6% do que em 2013), o aumento da procura interna (+2% do que em 2013) que refletiu uma recuperação de 2,1% do consumo privado e de 2,3% da FBCF, enquanto o consumo público registava uma quebra menos acentuada do que em 2013 (-0,7%), possibilitaram à atividade económica portuguesa registar um crescimento de 0,9% do PIB em 2014 (havia registado -1,4% em 2013 e 3,3% em 2012), com o saldo conjunto positivo das balanças corrente e de capital a corresponderem a 2,6% do PIB.

De acordo com o Banco de Portugal, o país deverá crescer 1,7% em 2015 e 1,9% em 2016 (previsões superiores às da Comissão Europeia para a Zona Euro, que são de 1,3% em 2015 e 1,9% em 2016). Esta evolução ficará a dever-se à aceleração da formação bruta de capital fixo (+4% em 2015 e +4,4% em 2016) bem como ao crescimento robusto das exportações (+4,3% em 2015 e +5,8% em 2016), que favorecerão a manutenção dos excedentes das balanças corrente e de capital (que crescerão para 3,3% do PIB), permitindo uma melhoria da posição do investimento internacional.

Findo o programa de assistência económica e financeira a que se encontrou submetido entre 2011 e maio de 2014, e não tendo Portugal necessitado de assistência financeira excecional adicional, o país recuperou o acesso aos mercados internacionais de dívida.

Após os 3 anos em que durou o programa, a economia portuguesa registou progressos importantes na correção de um conjunto de desequilíbrios macroeconómicos assinaláveis: o registo, em 2012, da capacidade líquida de financiamento em relação ao exterior; o alcance do excedente primário orçamental estrutural em 2013; a consolidação orçamental que se encontra em curso; a transferência de recursos do setor não transacionável para o setor transacionável são alguns dos elementos mais favoráveis alcançados. É de salientar o pedido feito por Portugal à Comissão Europeia (que aceitou) para reembolsar antecipadamente parte do empréstimo contraído ao FMI, o que irá resultar em poupança líquida de juros e terá um impacto positivo na sustentabilidade da dívida portuguesa.

 

Elaborado pela CCIPA com base em dados da AICEP Portugal Global in Portugal – Ficha País, dez.2014 e abr.2015, e do Instituto Nacional de Estatística de Portugal

Partilhar o artigo "Estrutura da Economia Portuguesa"

Share on FacebookTweet about this on TwitterShare on Google+Share on LinkedIn